Saudade minha cidade

A Folia do Divino Espírito Santo está voltando com força ao Gama


primeira casa visitada no Gama foi a da professora Maria Antônia no giro de folia em 2007

A Folia do Divino Espírito Santo é um evento que mescla variadas manifestações religiosas e profanas, de diversas origens e significados. Uma profusão de folclores tão rica que contagia tanto o leigo como o erudito, o profano e o religioso, servindo a todos em todas as suas formas e línguas. Assim é o Divino Espírito Santo.

Trazida ao Brasil pelos portugueses logo nos primórdios da colonização, é uma festa que ocorre em diversas cidades brasileiras. Aqui no DF, mais precisamente na cidade do Gama, vem sendo promovida a 13 anos e agora vem ganhando força novamente na cultura local.

Tudo começou em 2002 após uma promessa do Renato, Nego Mauro e Júlio. A promessa duraria 7 anos, mas eles terminaram dando continuidade até os dias de hoje. A Professora Maria Antônia teve uma importante participação na época ajudando a fundar a Associação Folia de Rua do Gama (ASFORG). A associação tem por objetivo dar continuidade a folia e resgatar a tradição, passando em geração em geração. A folia do Divino Espírito Santo se reúne durante o ano com vários colegas de folia para elaborar a festa. Eles saem pela cidade levando a tradição da folia em casa em casa fazendo orações e abençoado os moradores. Sempre no final de cada ano tem um reunião.

O grupo de foliões é um comandado por um Guia, também denominado festeiro. É ele que tem a responsabilidade de promover e cuidar para que tudo se realize com ordem, incentivando, angariando fundos e mobilizando a população nos afazeres da festa.

O Guia do Divino retrata, com toda sua simbologia, o Rei, a Rainha e a Côrte portuguesa, autenticados pela Coroa, pelo Cetro e pelas virgens vestidas de branco que os antecedem na Procissão do Divino, onde caminham com toda pompa pelas ruas da cidade, circundados por quatro varas sustentadas por quatro virgens, seguidos pela Banda de Música a frente da população.

O símbolo da Festa do Divino é a mandala de fogo com a pomba branca ao centro. A pomba significa o próprio Divino Espírito Santo e a mandala de fogo o momento que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Pentecostes. A cor da festa é a branca e a vermelha, a branca significa a paz, o altíssimo e a pomba que pousou sobre Jesus e a vermelha o sangue de Jesus, o Espírito Santo, as labaredas de fogo.

Há basicamente dois tipos de folia: a folia da roça ou rural e a folia da cidade.

A Folia Rural – Talvez seja este o mais original elemento da Festa do Divino, se considerarmos a tese de que a festa teve origem com os reis alemães da baixa idade média quando percorriam a região angariando fundos para alimentar e prover o povo em época de penúria.

Compõe-se de centenas de cavaleiros que durante uma semana ou mais percorrem a zona rural visitando fazendas e povoados. O objetivo, além de levar as bênçãos do Divino, é recolher esmolas e chamar o povo para a festa. A alimentação e o pernoite são dados aos devotos foliões por fazendeiros, os chamados Pouso de Folia. Nestas fazendas há grande festa, chegando a reunir milhares de pessoas durante a noite. Há muita fartura. Tachadas de comidas são dadas gratuitamente a todos e para os donos da fazenda oferecer o pouso é receber em casa o Divino Espírito Santo, uma benção.

A Folia Urbana – Também conhecida como Folia da Cidade, é muito semelhante à rural, com a diferença que os devotos foliões andam à pé e não a cavalo, e visitam as casas na rua. É menor em número de participantes e a maioria pernoita em sua própria casa. Mas, de resto, as bandeiras as invocações e a liturgia são bastante parecidas com a Folia da Roça.

 

 
O evento ocorre no Gama, desde 2002


Folia do Divino Espírito Santo do Gama, dia 30 de abril à 02 maio de 2015


Organização: Associação Folia de Rua do Gama (ASFORG).

Leia mais: 1° Encontro de Folia do Gama

Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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