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6ª Edição do Sarau Nacional Banca de Poetas prestigia Renato Matos

6ª Edição do Sarau Nacional Banca de Poetas prestigia Renato Matos
6ª Edição do Sarau Nacional Banca de Poetas prestigia Renato Matos. 

Foi mágico para a Banca de Poetas prestigiar Renato Matos. Afinal, um homem quando tem prestígio os amigos falam. Não foi diferente na sexta Edição do Sarau Nacional Banca de Poetas nos estúdios da Rádio Nacional, no programa Revista Brasil, do apresentador Valter Lima, neste dia 07 de janeiro de 2017, primeiro sábado de um ano que se inicia abrindo o baú do teatro literário. As cenas que compõe a história são contadas por quem viveu de verdade. Era tanta informação e tanto ritmo que até parecia que tinha sido tudo ensaiado. O estúdio da Rádio, ali no edifício Venâncio 2000, parecia coração de mãe. Cada um que chegava era recebido como se estivesse chegando à casa. Em pouco tempo a super lotação se tornou sinônimo de que sempre cabe mais um quando o assunto é arte e solidariedade.

Estava pronto o enredo do teatro literário, desta vez no Rádio. Néio Lúcio, criador do Concerto Cabeças, foi convidado a participar do programa simplesmente pelo fato de ter sido responsável por dar formato a uma nave especial que acabava de pousar no planalto central em plena ditadura, quando a ordem era circular, pelo simples fato de que o poder vigente não suportava gente em comunhão. Neste ambiente foi criado uma galeria para em seguida isso se tornar um movimento. Néio, do alto de sua generosidade, embora convalescente, desceu e subiu as escadas do Venâncio para ir ao programa fazer suas reflexões e lembrar a todos de que foram os quadros de Renato em exposição na galeria Cabeças que deu origem a toda essa movimentação.

Provocado por Valter Lima de como teria sido sua vinda para Brasília, deixando para trás uma cidade como Salvador, Renatinho foi enfático: foi Néio! Eu tinha vindo aqui vender uns quadros primitivos que eu pintava lá em casa, em Salvador. Néio viu os quadros e me convidou para fazer uma exposição na galeria Cabeças. Fiz a exposição e daí aquela frustração, ninguém ia ver os quadros. Nisso surge Aroldinho com uma caixa de som e uma guitarra, pronto, lotou a galeria. E assim nascia o Concerto Cabeças dando asas à imaginação de todas essas cabeças. Hoje, cabeças brancas. Turiba, ”Luiz Turiba”, hoje jornalista famoso, grande poeta e editor de uma das melhores revistas de arte do país de todos os tempos, estava lá no início e no programa, estava ali quietinho em seu canto aguardando a hora e a vez de entrar em cena! Eu sou parceiro do Renato em varias músicas, disse. Estivemos juntos em tudo isso, mas foi o Néio o responsável por dar formato a esse movimento. Se não fosse ele nada teria acontecido! Ele e o Renato! Mas nem só de meninos era feito o movimento, tinha também as meninas! Duas delas estavam no estúdio: Lucia Leão, que nos tempos do Cabeças já atuava como jornalista e acompanhou o Turiba nos tempos da Bric a Brac, ali no estúdio era só silêncio. Ela disse: eu vim trazer o Renatinho só isso. Lucia sempre foi mulher do trabalho das horas práticas das entrevistas. No programa passado, quando Nise era a homenageada, ela era quem estava à frente da entrevista. Hoje coordena um ponto de cultura chamado Leão da Serra onde é coordenadora e culinarista. De quebra cuida da obra de Renatinho.

Renato Matos
Renato Matos no violão

Noélia Ribeiro, outra das meninas que deu seus primeiros passos nessa romaria, emprestava sua casa como camarim. Embaixo do prédio onde morava era a coxia. Ali o ponto de encontro se tornou tão habitual que foi tema de um dos poemas mais cantados pelo Liga Tripa, um dos grupos musicais mais ativos do movimento! Noélia foi musa, tema e enredo, hoje, é poetisa. Tem dois livros lançados e continua ativa na arte da poesia, participou ativamente na organização desse ATO de prestigiamento do Renatinho. Salve Nonô. Falando em Liga Tripa, Sergio Duboc, um dos protagonistas do grupo juntamente com Aldo Justo, disse com todas as letras: o Renato é uma espécie de padrinho do Liga; logo no início quando a gente chegava às vezes tinha alguma resistência, algumas pessoas não gostavam da performance da gente e aí o Renato chegava pra garantir a nossa presença. Além de parceiros e amigos devemos isso a ele. Renato Matos é multimídia. Antes de mais nada, é ator, é persona. Poeta, compositor, cantor, arranjador e multi instrumentista. Quando os instrumentos disponíveis não lhe são suficientes, ele inventa o instrumento necessário à sua cantoria. Quando a casa em que mora não lhe basta, ele reinventa. Arquiteto autodidata, construiu em Olhos d’água, vilarejo próximo a Brasília, casas, instrumentos e família. Seus três filhos são nascidos lá.

Cleide Soares, uma biblioteconomista com destaque por criar projetos importantes envolvendo as duas comunidades, é testemunha! Eu vi o nascimento do Ziriguidum do Além, eu estava lá na época. Vi quando ele construiu sua casa. Cleide se desmancha em carinho ao falar de Renato. Quando ele lançou “Um telefone é muito pouco”, eu morava no entorno e aquela música parece ter sido feita para mim, pois eu namorava um rapaz aqui da cidade. Mas foi em Olhos d’água que Cleide se tornou sua amiga. Ela conta sobre um trabalho feito em parceria entre ela, o embaixador Wladimir Murtinho e Renato envolvendo os índios pataxós. Foi demais conviver com Renato. Aprendi muito com ele. Enquanto conversávamos no estúdio, o Trio Siridó se preparava para mostrar a gravação que fizera da música “Um telefone é muito pouco”, da autoria de Renato, que marcara a vida de Cleide e de tantas outras pessoas dessa geração.

Durante todo esse tempo dos anos 80 até os dias de hoje, o Rádio teve papel de destaque na vida das pessoas que construíam a cidade. A Rádio Nacional com programas de grande audiência, grandes apresentadores, divulgava e estreitava a distância entre as comunidades. Foi assim que o Trio Siridó ficou conhecendo Renato Matos e resolveu gravar esse clássico. Beirão Neves, figura ícone dos palcos dessa caminhada, é outro nordestino que compareceu ao programa para prestigiar Renato. Junto com o Trio Siridó fez aquilo que sempre fez ao longo da jornada. Um Forró irreverente rebatizado. Beirão é criador do Forrock. O resto é bobagem. Torres, o mestre do Trio Siridó, era só agradecimento. Muito obrigado por me trazer de volta para o Rádio. Nós é que agradecemos mestre.


Elizeu Braga, um poeta de Rondônia, o único que era chegante, ficou impressionado com a história da capital, tantos amigos reunidos para prestigiar um artista, isso é que é amizade. Vicente Sá, que também é parceiro e amigo de jornada, deu o depoimento final! Eu sempre morei por perto do Renato. Agora, de novo, tenho a honra de ser seu vizinho, moramos a uma distância de menos de 100 metros entre as casas. Um dia desses, minha neta chegou para mim e disse: “Ô, vô, o Renato pode até não fazer chover, mas, aquele barulhinho da chuva pra gente dormir ele faz. Curioso, fui conferir. Era mais uma das invenções do Renato. Do lado de fora do estúdio, na carpintaria muita gente. A própria Noélia que atuou na produção e permaneceu até o apagar das luzes. A Djanine Silva foi a salvação; ela pegou a arte voando pela rede e deu um jeito. Obrigado Djanine. Para o portal de notícias Gama Cidadão,para as meninas do projeto Poetas de Sofá e para uma infinidade de pessoas nosso muito obrigado

Trio Siridó
Banda 
Trio Siridó

 

Beirão no violão


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Por José Garcia Caianno – Dedé

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