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Herói do Gama lamenta demora da Lusa e optaria por Justiça do DF

Vitorioso com o Gama em um processo na Justiça comum contra a CBF em 2000, o ex-diretor Flávio Raupp foi chamado pelo Conselho Deliberativo da Portuguesa para que sua experiência fosse usada como exemplo na batalha rubro-verde contra a entidade máxima do futebol brasileiro. Os conselhos dados pelo representante candango, no entanto, não foram totalmente seguidos: ainda temeroso, o clube do Canindé demorou para sair da esfera esportiva, e preferiu recorrer à Justiça do Estado de São Paulo, quando o indicado era chegar ao Distrito Federal.

O representante do Gama no vitorioso duelo contra a CBF discorreu sobre o seu ponto de vista com relação à estratégia da Portuguesa, alegando que o processo poderia ter sido analisado de forma mais detalhada se chegasse à Justiça comum anteriormente. Para Flávio Raupp, a investida deveria ter sido realizada logo após a reunião do Conselho, no dia 18 de fevereiro, na qual o ex-diretor também esteve presente.

“Cada clube tem a sua situação especifica, mas eu faria diferente: não demoraria tanto para entrar na Justiça comum, porque, como demorou, entrou quase na véspera do início do campeonato, a discussão ficou apenas no caráter de liminares, se tivesse entrado antes teria mais possibilidade de chegar à segunda instância, ter uma discussão mais elaborada por juízes diferentes”, explicou Flávio Raupp, que, após os conselhos iniciais, não mantém contato com a cúpula rubro-verde.

Ainda temeroso com relação a possíveis punições futuras, o clube do Canindé formalizou a investida à Justiça comum apenas no dia 2 de abril, sendo que o seu jogo de estreia pela Série B do Campeonato Brasileiro estava marcado para o dia 18, contra o Joinville, na Arena. Para Flávio Raupp, o pouco tempo de processo impediu com que as análises da Justiça até o momento ultrapassassem o âmbito das liminares. O ex-diretor usou até mesmo o exemplo do Gama, que precisou de oito meses para ser incluído na Copa João Havelange, alternativa encontrada pela alta cúpula do futebol brasileiro para incorporar todas as equipes.

“No caso do Gama, demorou oito meses, no vai-e-vem, até a CBF desistir e colocar o Gama na competição. A Portuguesa entrou com 20 dias antes, é muito pouco tempo. Eu tenho convicção que, no momento que em que julgar o mérito, a chance de os torcedores da Portuguesa ganharem é muito grande, o que pode causar problemas para o prosseguimento do Campeonato”, explicou o representante do time candango, que acionou a Justiça Comum em novembro de 1999, mas só chegou a um acordo para recolocar sua equipe na elite em julho de 2000.

Flávio Raupp também revelou que teria aconselhado o clube do Canindé a não ingressar na Justiça de São Paulo, mas recorrer ao Distrito Federal. A opinião dada pelo ex-diretor é baseada em uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, de 1999, na qual os casos que envolviam consumidores de estados diferentes, no caso os clubes envolvidos no processo, deveriam ser julgados na capital do país.

“Eu não entraria em São Paulo. Liguei para eles (da Portuguesa), inclusive, porque existia uma decisão do STJ, de 1999, para que os casos que envolvessem mais de um consumidor, de estados diferentes, como mais de um clube, fossem julgados no foro do Distrito Federal. Levei inclusive essa documentação do STJ e deixei claro para eles”, completou Flávio Raupp, que viu a Portuguesa sofrer uma dura derrota justamente por causa do conflito de liminares de estados diferentes.

Ao analisar o impasse envolvendo CBF e Portuguesa, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que todas as ações existentes e futuras relacionadas ao processo devem ser analisadas pela 2ª Vara Cível da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além disso, o STF também declarou a suspensão dos efeitos de qualquer decisão proferida em outro estado, o que pode prejudicar bastante o clube do Canindé – as liminares rubro-verdes foram conquistadas em São Paulo.

 

Fonte: Super Esportes

Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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