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VLT? Só em 2018


Por Chico Sant’Anna

Idealizado no primeiro governo Lula, o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT de Brasília deveria estar agora em suas etapas finais de teste, mas, segundo as melhores previsões, a interligação total do Aeroporto ao Plano Piloto só deve ficar pronta em 2018. Se em Cuiabá os primeiros vagões do VLT local já estão chegando e até maio o sistema estará funcionando, em Brasília, a previsão do GDF é que a licitação para iniciar o primeiro trecho de obras aconteça somente em março, próximo.

O VLT de Cuiabá teve início na mesma época do de Brasília. No último dia 5/2, os primeiros vagões começaram a chegar. No DF, licitação vai ser reaberta em março.

Em Cuiabá, que também será sede de jogos da Copa do Mundo, o trajeto integral do VLT será de 22 km, semelhante ao projetado para Brasília. Cada composição do VLT mato-grossense tem capacidade de transportar 400 pessoas com conforto, cerca de 2,5 vezes a capacidade dos ônibus escolhidos por Agnelo Queiroz para o BRT de Brasília. Alem disso, enquanto em Brasília a opção foi ônibus movidos a óleo diesel, em Cuiabá, os veículos são movidos a energia elétrica e não poluem.

Quando idealizado, há cerca de cinco anos, o VLT de Brasília ligaria o aeroporto ao Setor Hoteleiro e dali ao Estádio Mané Garrincha. Na verdade, este circuito compreenderia trajetos de duas linhas distintas do VLT. Uma vez integralmente implantado todo o sistema, eles circulariam no Plano Piloto em cruz: uma linha da Avenida W.3 Sul à Norte e outra ao longo do Eixo Monumental, do Congresso Nacional ao Buriti.

Posteriormente, reduziu-se a proposta para ter ponto final no Setor Hoteleiro e, depois, nova mudança, terminando a linha na Estação Asa Sul do metrô, próximo ao Jardim Zoológico. Dali, passageiros fariam integração com o metrô e com linhas de ônibus.

É este trecho que deve ser licitado agora em março e, se não houver atrasos, deve ficar pronto em dois anos após a assinatura dos contratos. Na melhor perspectiva, esses primeiros quilômetros estariam prontos no final de 2016.

VLT - Maquete Viaduto ESPM Vista Aerea

A implantação do VLT em Brasília, vista como a ferramenta que revitalizaria a Avenida W.3, principal artéria da Capital Federal, ficou no papel até hoje.

Segundo o Instituto Ethos, a construção da linha do Veículo Leve Sobre Trilhos começou em 2009 e estava orçada em R$ 276,9 milhões, sendo R$ 263 milhões financiados pela Caixa Econômica Federal e R$ 13,9 milhões pelo governo do Distrito Federal.

O VLT de Brasília estava inserido inicialmente no chamado PAC da Copa, e o governo federal reservou ao GDF e, em seguida, diante da impossibilidade de tê-lo concluído a tempo da Copa, foi incluído no PAC da Mobilidade.

A obra foi paralisada em abril de 2011 pela Justiça do DF por suspeita de fraude na licitação, ainda durante o governo de José Roberto Arruda, governando do DF que foi caçado em março de 2010. No início de 2012, em entrevista a um noticiário matutino de uma rádio da cidade, Agnelo, disse que os impedimentos judiciais tinham sido resolvidos e que iria licitar apenas o primeiro trecho, entre o Aeroporto e a estação de integração, próxima ao zoológico, para que não houvesse canteiros de obras abertos quando da chegada dos turistas.

Sem impedimento judicial sobre a obra, bastaria lançar um novo edital, mas nada foi feito até o momento. A morosidade mais uma vez reinou no GDF.

BRT - Corredor Aeroporto Eixão com e sem árvores

A desistência da construção do VLT obrigou o GDF a criar um corredor expresso de ônibus para atender às exigências da Fifa. A obra resultou na retirada de uma alameda inteira de Sibipirunas que ornavam o canteiro central da chegada à Brasília, além da destruição dos jardins do Balão do Aeroporto. Fotos de Chico Sant’Anna, pelo celular.

Apesar das inúmeras promessas do governador Agnelo em retomar o projeto, em 14/8/2012, o governo do Distrito Federal (GDF) assinou junto ao ministério das Cidades e o um convênio que implicava na desistência do VLT e definia que a interligação do Aeroporto Internacional de Brasília ao início da Asa Sul passaria a ser feita por um corredor de ônibus e não mais por uma linha de VLT, como anteriormente previsto. Para esta linha de ônibus expressa, que resultou na destruição do Balão do Aeroporto e no Canteiro Central da Estrada Parque Aeroporto – ornado, desde o início de Brasília, por uma alameda de sibipirunas, espécies tradicionais da Mata Atlântica – o GDF receberia R$ 100 milhões.

A desistência do VLT representou no primeiro cancelamento de obra prometida para a Copa deste ano 2014. Além de atender às exigências da FIFA, a introdução deste novo modal de transporte representaria num choque de qualidade no sistema de transporte coletivo de Brasília. Sistema que, há mais de meio século, está monopolizado por um grupo restrito de empresas privadas, dentre as quais se destacam a Viplan, de Vagner Canhedo, e a Pioneira, de Nenen Constantino.

Para moradores e empresários que atuam na Avenida W. 3, a desistência foi uma ducha fria, pois ele era visto como solução para o intenso tráfego de automóveis e ferramenta que iria revitalizar a via que já foi a principal artéria econômica da Capital Federal.

Transporte para o fim da década

Consultada por este blog, a presidente da Companhia do Metrô de Brasília, Ivelise Longui informou, via sua assessoria de imprensa, que “a linha 1 do novo modal, que vai do Aeroporto até o final da Asa Norte deve estar plenamente integrada na cidade até 2018”. O custo total com a construção da via, implantação de sistemas está estimado em R$ 1,5 bilhão, segundo ela.

O trajeto integral da Linha 1, que vai do Aeroporto ao final da Asa Norte, poderá ser dividido em até três trechos, com conclusão prevista até 2018.

Mas a obra será licitada por partes, podendo ser dividida em três trechos. O primeiro trecho deve ter seu projeto concluído ainda neste mês de fevereiro. “A expectativa do Metrô-DF é que o edital para as obras do chamado Trecho 1 (do Aeroporto até o Terminal Asa Sul) – que será aberto para consórcios e empresas que tenham capacidade para, além de edificar o projeto, entregar trens e sistemas –, seja publicado em março.”

Segundo o metrô, a licitação dar-se-á pelo Regime Diferenciado de Contratações – RDC, instituído pela Lei nº 12.462, de 2011. A lei do RDC foi proposta pelo governo para acelerar as obras destinadas a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Há quem julgue que não seria mais aplicável ao VLT de Brasília, por não ser mais obra voltada ao Mundial de Futebol.

Quando idealizada, a obra do VLT de Brasília custaria 276,9 milhões de reais, dos quais 263 milhões seriam bancados pelo governo federal. Ao governo distrital caberia só investir apenas 13,9 milhões e tocar o projeto Agora, as estimativas de quanto custará não sã conhecidas. Há valores extra-oficiais que apontam para a casa dos R$ 400 milhões, mas o metro informa que a modalidade RDC o impede divulgar previamente as estimativas que a empresa fez quanto ao valor do contrato. Mas não deverá ser pouco dinheiro, uma vez que a licitação abrangerá a implantação dos 6,5 km de via e dos sistemas, além da construção do Centro de Controle Operacional (CCO), de cinco estações e a entrega de dez trens.

Esta primeira etapa deve levar 24 meses para ficar pronta, contados após a contratação da empresa vencedora. A licitação depende ainda da liberação dos recursos Uma vez que o GDF perdeu a verba do PAC da Copa, agora é necessário um novo exame pela Caixa Econômica Federal.

O trecho que ligará o Aeroporto ao Terminal Asa Sul possuirá 6,5 Km e, nos horários de pico, deverá atender a uma demanda de 12 mil passageiros/hora. Entre o extinto Balão do Aeroporto e o início do Plano Piloto, ele trafegará de forma paralela ao BRT proveniente do Gama e Santa Maria. A integração entre esses dois modais só deve ocorrer no Terminal Asa Sul Ainda não é sabido se um sistema integrará o outro com o mesmo bilhete ou se o passageiro terá que pagar nova passagem.

Trajeto integral

Segundo a direção do metrô, o restante da Linha 1, do Terminal Asa Sul até o futuro Terminal Asa Norte, próximo à ponte do Bragueto, deverá ter o projeto licitado ainda este ano, licitação esta condicionada à liberação de recursos federais ou financiamentos. A licitação para as obras e o início das intervenções só devem acontecer daqui a dois anos, em 2016. Esta etapa levaria outros 24 meses para ficar pronta, além de 12 meses de testes de operação. “Com isto, o Trecho 1 estará disponível para testes no início de 2016 e o restante da linha em 2018” – informa Ivelise Longui.

Fonte: Blog Chico Sant’Anna – 09/02/2014

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Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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